Que palavra usar para descrever o momento? Medo, angústia, ansiedade, cuidado, calamidade, sofrimento? Escolho estranheza, ou estranhamento. Talvez, por ser uma palavra mais genérica, indeterminada e incerta, como os dias que estamos vivendo.
Estranho lutar contra um inimigo invisível, que mata e não mostra a cara. Estranho pensar que muitos podem morrer por contaminação, mas, também por inanição, caso os empregos se dissolvam numa profunda recessão. Estranho viver no isolamento, ferindo a natureza humana de quem é social. Preciso ser livre para ser humano. Ser livre para ir e voltar, trabalhar, e, principalmente, criar. Contudo, sair do isolamento, pode ser fatal.
Paradoxalmente a liberdade salva e mata. A pandemia do coronavírus, com predomínio de dias escuros, mesmo havendo sol, nos coloca numa situação limite, em estado de exceção. “O estado de exceção se tornou norma”, como diz o filósofo Agamben. Sem beijo, sem abraço, sem aperto de mão. Um teste de resistência e superação. Que secura!
Mas, apesar disso, a partir do espanto (onde começa a filosofia) causado pela pandemia, a clausura não nos impede de exercitarmos o nosso poder de criação. Criar um novo futuro (novo porque antes do coronavírus o futuro era outro), começando por uma boa introspecção. Pensar quem realmente somos, em que mundo vivemos, para onde queremos ir e o que temos a aprender com toda esta situação.
Uma das coisas a aprender é que vivemos num mundo onde tudo está interligado, feito uma teia de aranha, onde a palavra-chave se chama conexão. O que acontece na China, geograficamente distante, atinge o Brasil. Uma decisão governamental afeta o meu quintal. Uma ação ou omissão minha, pode interferir no meu trabalho e em toda a sociedade.
Tamanha é a responsabilidade que cada um tem e planejar é uma boa recomendação. A falta de planejamento pode fazer minha empresa sucumbir. Já um planejamento bem feito, pode fazer o meu negócio superar crises, crescer, aumentar os postos de trabalho, melhorar os salários. Por isso, o momento é propício para revisarmos nosso planejamento estratégico.
Quem não tem, chegou a hora! Rever o modelo de negócio (um Canvas ajuda nisso). Pensar os vários cenários internos e externos que se apresentam, agora e pós crise (o SWOT e o PESTAL são bem-vindos). Analisar os indicadores e criar novos. Aprender que só se melhora aquilo que se mede.
Redefinir as metas para este ano que, apesar de incerto, pode reservar muitas oportunidades para quem estiver bem preparado (gestão de indicadores é uma boa). Definir e delegar ações, que já podem começar a ser feitas agora, mesmo que os colaboradores estejam trabalhando de casa (há muitas ferramentas colaborativas de planejamento que podem ajudar neste momento).
A questão é não parar e não ficar esperando o amanhã chegar. O amanhã começa agora. Vamos fazer o que não costumamos fazer sob a alegação da falta de tempo. O tempo chegou, está aí, ao nosso dispor. Renovemos nossas crenças e propósitos sem esquecer que tudo está interligado e o que fizermos afeta a vida de todos. Ou seja, estamos condenados a ser responsáveis.
Bom planejamento a todos!
Marcos Kayser – CEO da Scopi