Se você acompanha o blog do Scopi, sabe o valor que tem um planejamento estratégico bem feito. Toda essa importância vem do fato do planejamento estratégico funcionar como um guia para auxiliar empresas – ou qualquer tipo de organização – a atingirem os seus objetivos, que também são sonhos.
O planejamento estratégico é capaz de prever contratempos e problemas que surgem ao longo da caminhada – principalmente quando nos referimos à objetivos de médio e longo prazo. E esses problemas e contratempos não se referem apenas as questões corporativas e mercadológicas. Eles ocorrem na vida pessoal e na vida de uma sociedade inteira. Neste texto, queremos reforçar o entendimento de que muitos dos problemas do Brasil são causados pela falta de um planejamento estratégico.
Não apenas as empresas precisam planejar
Pense nos principais problemas do Brasil. A maioria deles poderia ser resolvida se os governantes trabalhassem com um planejamento de longo prazo, que não fosse interrompido a cada transição de governo. No entanto, não é assim que funciona.
Na realidade brasileira percebe-se a falta de um planejamento estratégico que envolveria todos os setores da sociedade. Normalmente, aplica-se o plano de governo de quem vence as eleições, restrito a um partido político, mas não se faz um levantamento mais criterioso, ouvindo e debatendo com a sociedade. Na empresa é comum ouvir clientes e funcionários.
A seguir, destacamos 3 problemas que atingem o país e que poderiam ser resolvidos, a partir da construção de um planejamento estratégico. É bom salientar que a saúde, o meio ambiente e outros temas não constam nestes 3, mas, tem também a mesma relevância.
3 problemas brasileiros
1 – Violência
No Brasil, uma mulher é morta a cada duas horas. Em 2018 foram registrados 51.589 assassinatos. A taxa de homicídios é aproximadamente 30 vezes maior do que a Europa. Poderíamos ficar aqui citando uma quantidade enorme de números que comprovam a crise na segurança no nosso país. Para além dos dados, acompanhamos diariamente o avanço da violência que acomete pessoas conhecidas, nossos familiares e até nós mesmos. As causas são várias:
- Falta de policiamento ostensivo;
- Sensação de injustiça e impunidade;
- Legislação muito branda para determinados crimes;
- Falta de perspectivas aos jovens;
- Drogadição;
- Desemprego
Então, como solucionar? Fazer um grande plano que ataque as causas, envolvendo os mais diversos setores da sociedade, não só a segurança pública e o judiciário, mas também o setor da educação, que tem relação estrita com o problema da segurança. Um jovem que tem a oportunidade de frequentar um espaço educacional de qualidade tem a oportunidade de colocação no mercado potencializada e, assim, dificilmente será introduzido no mundo da criminalidade.
2 – Educação
O Brasil está vivendo uma das mais graves crises educacionais de sua história. Vários problemas são observados:
- Deficiência na formação dos professores;
- Falta de estrutura nas escolas e universidades;
- Falta de recursos para pesquisa;
- Remuneração inadequada dos professores;
- Gestão precária;
- Currículo e práticas pedagógicas defasadas;
- E essa lista poderia continuar…
Em consequência disso, temos os altos índices de evasão escolar e o baixos índices obtidos nas avaliações internacionais relativas à educação. No relatório do PISA, o país se mantém estagnado desde 2009 no quesito educação, e amarga as últimas colocações no ranking mundial que faz o levantamento junto a 70 países.
Ora, a educação deveria ser a principal prioridade num país que busca o crescimento, precisa gerar empregos e reduzir as desigualdades. Enquanto países como Alemanha divulgam aumento do investimento na educação, o governo brasileiro anuncia cortes de verbas para as universidades federais.
O Brasil tem excelentes estudiosos e especialistas em educação. Reunir esses experts para, juntos, elaborarem um planejamento estratégico para a educação produziria grandes resultados – não só para a educação, mas para toda a nação. Afinal, não há desenvolvimento sem educação.
3 – Mobilidade Urbana
O problema da mobilidade urbana não é mais uma realidade apenas das grandes cidades, afeta cidades menores. Os problemas são comuns:
- Engarrafamentos;
- Falta de espaços para estacionamento;
- Transporte público lotado;
- Aumento de acidentes de trânsito em horários de pico;
- Poluição do ambiente;
- Pouca oferta de alternativas de locomoção.
Se voltarmos no tempo, ao surgimento das cidades, veremos que não havia muita preocupação com um planejamento da disposição das quadras e dos bairros. As ruas e as rodovias não foram pensadas para a circulação de automóveis que temos hoje. Mais especificamente, o Brasil, “deu as costas” para outras opções de transporte, como, por exemplo, os trens.
A grande maioria das cidades brasileiras não tiveram um plano arquitetônico que se antecipasse ao crescimento da população. Elas basicamente foram crescendo. Uma rua era aberta aqui, outra ali, conforme a necessidade do momento. Resultado? Tudo o que a gente enfrenta de ruim no trânsito.
Mas, como não podemos voltar no tempo e mudá-lo, ainda hoje alguns desses problemas seriam facilmente resolvidos: com um plano de priorização do transporte público, por exemplo. Seria possível diminuir o número de carros e aumentar o uso de ônibus e lotações. Afinal, mais pessoas usando ônibus equivalem a menos veículos circulando. Outras medidas seriam plenamente viáveis de serem pensadas e planejadas. Países do dito “primeiro mundo” tem muito a ensinar aos brasileiros.
Construindo um planejamento estratégico na prática
Passo 1: Diagnóstico
Antes de definir metas e projetos, é necessário fazer a Análise SWOT. Analisar os cenários interno e externo, elencando forças, fraquezas, oportunidades e ameaças. Na educação, por exemplo, uma das fraquezas e causa da baixa qualidade é a formação inadequada dos professores. Não subestime o diagnóstico. É por meio dele que se consegue compreender o contexto em que estamos.
Passo 2: Objetivos
Onde, de fato, queremos chegar? O que queremos ser no curto, médio e longo prazo? Tarefa nada fácil, pois sempre queremos muitas coisas. Aqui é preciso escolher, tomar decisões, e aceitar que toda escolha implica em perder, ou seja, deixar algo para trás, ou que pelo menos agora não será um objetivo prioritário. Aumentar os padrões de qualidade da educação brasileira é um objetivo estratégico, assim como reduzir os índices de violência urbana.
Passo 3: Metas e indicadores
Como posso mensurar se os objetivos estão sendo, de fato, alcançados? Para isso servem os indicadores e as metas. Na educação, posso ter a meta de ficar entre os 10 melhores no ranking do PISA. Na mobilidade posso definir um determinado percentual de redução dos acidentes de trânsito. Para que as metas de desenvolvimento traçadas sejam atingidas, se faz necessário um contínuo monitoramento.
Passo 4: Planos de ações
São os planos de ações, também conhecidos como projetos, que viabilizam a conquista das metas e dos objetivos estratégicos. Cada ação deve ter um ou mais responsáveis que, por sua vez, devem ter um prazo para execução. Assim, montamos o cronograma do projeto. E aqui não podemos deixar de falar da importância de um software de planejamento estratégico para ajudar no processo de acompanhamento da execução e implementação de ajustes e melhorias que são comuns ao longo do tempo.
Claro, para que um bom planejamento estratégico seja construído e tenha um resultado exitoso é indispensável que os líderes queiram e saibam coordenar o processo, motivando a todos que, de alguma forma, possam contribuir para que os grandes sonhos se realizem. No caso do Brasil, quem sabe um país melhor, mais organizado, mais educado e menos violento.
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